O Céu

 

Gustavo Doré (século XIX), Ilustração para a Divina Comédia de Dante, o Paraíso, Canto XXVII

 

Vai para o céu, quem morre em graça de Deus e não tem dívida alguma de pena temporal que descontar.

Quem tiver alguma dívida de pena temporal que descontar, vai antes para o purgatório.

O céu é um lugar de suma e eterna felicidade; onde se vê claramente a Deus, e se goza da posse de todos os bens sem mistura de mal.

O bem essencial do céu consiste em ver claramente a Deus.

É maior felicidade ver a Deus por um instante, do que gozar eternamente todas as riquezas, prazeres e honras que se possam imaginar neste mundo; porque o mundo inteiro comparado com Deus é como nada.

Que felicidade será, meu Deus, ver-vos, não por um instante, mas por toda a eternidade!

Os bons ficarão eternamente no céu.

Todos fomos creados para o céu.

Vai para o céu, todo aquele que resolutamente quer ir, isto é, aquele que usa os meios necessários para consegui-lo.

Todos os homens querem ir para o céu; porém, alguns têm só o querer do preguiçoso; querem ir para o céu e não querem empregar os meios necessários para conseguir o mais precioso de todos os bens.

O céu é um prêmio de valor infinito, que Deus reserva para aqueles que o servem fielmente nesta vida.

É um prêmio tão valioso que para nô-lo conseguir, o mesmo Filho de Deus deu todo o seu sangue e a própria vida.

Si para dar-nos o céu Deus exigisse que nos prostrássemos duas horas todos os dias, ou que fizéssemos árdua penitência pelo espaço de um milhão de anos, mesmo assim, o céu seria como doado.

Deus, porém, não nos pede tanto. Satisfaz-se com que observemos seus mandamentos divinos; cousa aliás muito fácil cumprir, com o auxílio da graça divina, que nunca falta.

O que nos pode fazer perder o céu é só o pecado mortal.

Se os homens fizessem para conseguir os bens eternos, a metade do que fazem para adquirir os bens da terra, seriam todos santos, e todos iriam para o céu.

Mas, infelizmente, muitos há que vivem no mundo como se tivessem de ficar para sempre, descuidando-se de merecer a felicidade eterna.

No céu os prêmios são proporcionados à quantidade e qualidade de boas obras feitas em estado de graça.

Quem tem menor prêmio, não inveja ao que tem maior; assim como um menino fica satisfeito com sua roupa pequena, e não inveja a grande de um homem.

Toda a obra boa que fazemos, estando em graça de Deus tem seu merecimento e seu prêmio no céu.

O prêmio correspondente à mais insignificante das boas obras que fazemos, é superior a todos os bens materiais da terra e durará eternamente.

Procuremos aproveitar todos os dias, e até todos os instantes da nossa vida, para praticarmos todo o bem que pudermos, afim de aumentar sempre mais os nossos merecimentos e prêmios para a glória eterna.

Si os que estão no céu pudessem invejar-nos, seria porque, enquanto vivemos, nós podemos aumentar mais e mais o tesouro de merecimentos e de prêmios para o céu, e eles não.

Sobre Bruno Luís Santana

Ego Catolicus Romanus sum.
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